Gosto muito desse esporte e na maioria das vezes não torço por um atleta ou outro, mas torço para que o espetáculo que eles dão seja sempre melhor. Aqui no Brasil ou lá fora. Alguns, por suas atitudes, conseguem cativar mais pois compartilham suas experiências, profissionais ou não, com os fans do esporte. Isso é realmente arrebatador. Sabe por que? Porque não há câmera de alta definição ou tomada de imagem que possa descrever o que se passa na cabeça de qualquer pessoa na hora de uma prova. Que todos estão sofrendo isso nós sabemos e um close que mostre uma expressão de dor diz algo que é comum a quase todos ali. Os caras estão numa busca insana pelo seu melhor e isso invariavelmente machuca.  Em alguns casos, além de andar muito, e testar protótipos, dar entrevistas, treinar forte, viajar etc etc, eles ainda encontram tempo para escrever sobre sua rotina. O que possibilita uma verdadeira imersão para os simples mortais (como eu, por exemplo), em um universo totalmente inexplorável. O Cristopher Sauser é um desses caras. O site dele não tem um projeto gráfico que impressione e pode até ser considerado fraco do ponto de vista estético porque, afinal, é o site de um campeão do mundo, que anda na melhor bike do mundo etc etc. Mas não se pode dizer que seja um site sem conteúdo, de maneira nenhuma.

O atleta faz um relato muito bacana de cada prova que participa, e de outras atividades também. O último texto é sobre o mundial de XCM realizado ontem na Áustria. Como vocês já podem perceber, lá vem mais uma das minhas traduções toscas. Qualquer dia eu faço um curso de inglês.

“23.08.2009 // Marathon World Championships Graz, AUT

104km, 3’700 metros de elevação acumulada, 4.40hrs de duração

3º lugar, 4.39min atrás do campeão Roel Paulissen

A largada aconteceu às 10:30, e aquilo significava pedalar por 4:30 hrs inteiras. A prova parecia muito uma prova de XCO, ou era assim que eu a percebia. As subidas sem fim, e na maioria do tempo você poderia pedalar apenas sentado porque o solo estava muito revolvido pela chuva. Foi muito monótono! Aquelas foram as seções onde eu mais sofri. Minhas pernas pareciam linguiças sendo assadas mais e mais a cada metro que eu subia. mas apenas um curto downhill e eu estava completamente recuperado e poderia ir muito rápido até a próxima subida, mas apenas 10 minutos de escalada e minhas pernas estavam tão  pregadas denovo.

Após o segundo longo downhill nós alcançamos a fuga com Roel, Paez e Medvedev. Muito obrigado ao Dario Cioni que trabalhou com tanto empenho para que eu voltasse ao pelotão. Nós nos conhecemos no começo de nossas carreiras quando eu ainda era júnior. Ele passou para o asfalto e terminou o Giro d’Italia em quarto alguns anos atrás.

Foram Roel e Medvedev que começaram outra fuga, desta vez em um downhill. Foi simplesmente o caos porque nós acompanhamos as mulheres (elas largaram depois de nós mas por um percurso mais curto) e passar foi muito difícil.

Depois daquilo foi mais ou menos cada um por si. Eu estava em terceiro e faltavam 40 km para a chegada, mas uma subida sem fim até o ponto mais alto da corrida me machucou de verdade e eu fui ultrapassado por Lakata, Kurschat, Dietsch e Soukup. Eu realmente tentei com todas as minhas forças acompanhá-los o máximo possível.

No penúltimo ponto de apoio, peguei uma garrafa das grandes. Despejei a metade dela no chão. Peso é tudo! Cara eu pensei se teria o que beber até chegar no topo . Lá em cima, tomei um Red Bull em um ponto de apoio da organização. Eu defintivamente criei asas nas seções técnicas de downhill até o final, mas algo no meu estômago não se deu bem com ele. Em uma subida curta tive uma  cólica monstruosa e tive que descer da bike. “o que eu faço agora….” andei um pouco e comecei a pedalar de novo, bem devagar. Por sorte melhorou e eu estava pronto para sair no encalço dos caras mais uma vez. Não sei quanto de diferença tirei nos 45 minutos seguintes, mas passei 4 pilotos. Tudo bem, Dietsch teve muito azar e um pneu furado.

Após todo aquele sofrimento eu estava feliz com meu terceiro lugar. Tive uma diarréia daquelas após cruzar a linha de chegada. O Red Bull deu ao meu estômago asas para sair de dentro de mim!”

Leia o texto original aqui. Ficaria realmente muito feliz de ser alertado sobre qualquer incorreção nesta tradução.

Reconhecimento do trajeto, última subida da prova

Mais uma do reconhecimento do trajeto

Tudo pronto para o mundial 2009

Momentos antes da largada

Prestes a ultrapassar Sabine Spitz

Terceiro lugar suado. Ao fundo a alemã fazendo uma cerinha pra sair só na foto do título

Ele disse que estava feliz com o terceiro lugar, é o que parece mesmo

O reconhecimento mais que merecido